14 abril 2013

Dia Z PARTE 1


Muitos dizem que gostariam que acontecesse um Apocalipse Zumbi - também conhecido como Dia Z. Falam isso sem medo, sem pensar que podem acabar perdendo sua família, seus amigos, parentes e, também falam sem a convicção de que as chances de serem sobreviventes em uma situação desta são mínimas. Confesso que eu também ''gostaria'' que de alguma forma, zumbis tomassem conta do mundo. Seria sim uma experiencia dos diabos! Imagina a adrenalina! Aquele clima de apocalipse, com você sobrevivendo sozinho ou com seus amigos. Indo de mercado em mercado, loja em loja, casa em casa. Buscando suprimentos e tentando desesperadamente proteger sua frágil vida tanto dos zumbis, quanto de outros seres humanos igualmente desesperados. Pois é, talvez isso nunca aconteça, mas de qualquer forma eu já vivenciei essa experiencia através de um pesadelo. Muitos já devem ter tido pesadelos com zumbis, mas o que eu tive foi diferente, foi inexplicavelmente real. Tão real que eu enxergava tudo com meus próprios olhos, em primeira pessoa.




Estava entardecendo e o Sol já começava a espremer seus alaranjados raios entre os prédios e residências. Eu estava saindo de um edifício, segurando uma pasta na mão esquerda e meu celular na mão direita. Assim que o sinal fechou, atravessei a rua e segui adiante, focado em meu celular. Conversava com uma amiga minha através de um bate papo. Ela me contava sobre uma noticia que estava passando na TV no exato momento em que conversávamos. Parece que uma mulher matou o marido a dentadas. Aquilo foi bizarro, mas ao mesmo tempo cômico e acabou me fazendo rir. Minha amiga então completou, dizendo que a mulher e a filha  foram baleadas pela policia ao tentarem atacar um dos guardas. Que loucura. Respondi ela e continuei andando distraído durante algumas quadras.

Um cachorro apareceu na minha frente arrastando a corrente do pescoço. Era um desses labradores que a gente vê com as crianças ou deficientes visuais. Deve ter fugido. Observei-o passar por mim e continuei caminhando por mais alguns minutos, até finalmente dar-me conta de algo: não haviam carros e nem pessoas circulando. Olhei para trás; não havia ninguém além de mim na rua em que eu estava. Comentei isso com minha amiga e ela também achou incomum, acrescentando que iria dar uma olhada na rua da casa dela e não demoraria. Quando cheguei na esquina, vi alguns carros estacionados desleixadamente e... não, não era isso, eles pareciam mais ter sido abandonados as pressas pelos motoristas... As portas estavam abertas e mais a frente havia um veículo acidentado. Pensei ter escutado alguém gritando e fiquei um pouco nervoso. Olhei para os lados e avistei pessoas ao longe, então comecei a caminhar na direção delas. Elas estavam estranhas, caminhavam de uma maneira esquisita; continuei me aproximando e de repente ouvi um enorme estrondo, um barulho de batida e explosão que ecoou em meio aos prédios, e em seguida vieram gritos, gritos de pânico. Eu me abaixei atrás da primeira coisa que me pareceu segura, tentando me proteger de seja lá oque estivesse acontecendo, e então vi quando um grande grupo de pessoas apareceu correndo. Havia, sangue nas roupas de algumas delas! Quando passaram por mim, gritaram para eu correr, mas eu fiquei parado. Uma mulher passou chorando desesperada, carregando uma menina no colo. Aquilo tudo me deixou zonzo. Eu levantei e meus movimentos pareciam ser em câmera lenta. Foi então que eu os vi. Vi dezenas deles, ensanguentados, pálidos, mortos, correndo de forma desajeitada em minha direção. Eram zumbis, eram malditos zumbis! Minhas pernas não se moviam, meu corpo não respondia, eu não conseguia nem ao menos gritar. Foi quando um homem caiu e se espatifou de costas na minha frente. Lentamente desviei meu olhar para cima e vi uma janela quebrada no terceiro andar do apartamento ao qual eu estava parado em frente. Voltei meu olhar para o homem, que estava agora se arrastando na minha direção, deixando um rastro de sangue pelo asfalto. Ele não tinha um dos olhos e seu pescoço estava quebrado. Meu coração quase pulou pela boca, e então eu corri, tão rápido quanto pude. Meus sentidos pareciam alterados, eu não conseguia escutar nada além da minha ofegante respiração. Quando cheguei na esquina, o caos já era completo. Um carro desgovernado apareceu derrapando, bateu em um hidrante - fazendo água jorrar metros acima - e depois invadiu uma loja.

A medida que minha tontura passava, comecei a perceber muito barulho, muitos gritos de pessoas desesperadas. Corri em direção a uma loja qualquer destas com vidro escuro. Ela estava completamente vazia. Me abaixei atrás de um balcão e fiquei espiando oque se passava la fora. Alguns zumbis chegaram até a vitrine da loja. Eu podia vê-los, mas eles não podiam me ver. Alguns deles passavam bem perto da vidraça. Apesar de não conseguirem me ver, acho que conseguiam sentir meu cheiro, pois alguns começaram a se debruçar no vidro e arranha-lo. Parado ali dentro, eu não acreditava no que meus olhos viam: eram malditos mortos vivos, zumbis, walkers, ou seja la como os chamam nos programas de TV. Isso tudo estava realmente acontecendo? Essa pergunta martelou minha cabeça algumas vezes, e então eu fechava meus olhos com força, mas quando voltava a olhar, eles ainda estavam ali.

Sentei de costas contra o balcão, esfregando meus braços, tentando pensar, mas no estado em que eu estava, não havia nem como raciocinar direito. Lembrei da minha amiga e peguei meu celular do bolso, com tanta pressa que o derrubei. Limpei o suor do rosto e li as ultimas mensagens recebidas. Eram todas dela pedindo minha ajuda. Ela dizia que estava sozinha em casa, que não conseguia se comunicar com ninguém, que a rua estava um caos, com gente morta e ferida, e que haviam pessoas tentando invadir sua casa. Eu a respondi imediatamente, mas ela não retornou. Minha bateria piscou, estava no vermelho, então mandei uma mensagem final, dizendo para que ela não saísse de casa, e que eu iria busca-la o mais depressa possível.

Os zumbis próximos a vitrine estavam mais calmos. Alguns caíram no chão e ficaram estirados. Outros perambulavam de lá pra cá. Apenas um deles - um homem de terno e gravata com parte do rosto arrancado - continuava batendo no vidro, tentando inutilmente atravessa-lo. A porta da frente não era uma opção, então eu saí pelos fundos. A casa da minha amiga ficava próxima a minha casa e eu não morava longe dali. Abri a porta devagar, observando se havia alguem ou alguma ''coisa'' por perto. Não havia, então saí. Os zumbis estavam se acumulando em apenas um dos lados da rua, isso facilitou minha fuga. Me esgueirei pelos becos, pulando algumas cercas, sempre tomando cuidado para não ser visto. Cheguei então na rua de baixo e senti um cheiro horrível de carne queimada. Haviam muitos carros acidentados, entre eles carros da brigada, com as sirenes ainda piscando. Alguns destes carros pegavam fogo, fazendo uma fumaça negra subir ao céu, e ao lado, um enorme grupo de zumbis se alimentava dos cadáveres de policiais. O fogo de um dos carros em chamas se alastrou, conduzido pelo óleo que havia no chão, e estava agora consumindo parte da perna de um dos zumbis, que não sentia nada, apenas continuava enterrando os dentes nas entranhas daquele pobre policial. Ouvi alguns tiros e mais gritos. Mais a frente, um homem apareceu correndo e tropeçou ao ver o grupo de zumbis que se alimentava. Dois deles levantaram e foram em sua direção, mas ele se recompôs e correu em outra direção. Sai de onde estava abaixado e fui até a esquina contrária. A luz do dia já estava desaparecendo, eu precisava me apressar!

Parte 2

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Cara, no momento que li "Haviam muitos carros acidentados, entre eles carros da brigada, com as sirenes ainda piscando." soube que era um escritor gaúcho. Acabei de ler a parte um, lá no MedoB e já estou migrando pro seu blog. Ainda não sei a situação das coisas, se a historia continua, se teve um "fim" ou foi abandonada, visto que a data que encontrei na marcação é de outubro de 2013. Você acaba de ganhar um fã.

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    1. kkkkk' isso mesmo, sou gaúcho de Sânto Angelo. Muito obrigado, mano, eu fico bem contente que tenha gostado da primeira parte, e espero que goste das partes seguintes também. Eu tento melhorar, sempre, inclusive a PARTE 3 teve três versões já, rsrs' Bom, o conto continua em andamento, atualmente está na PARTE 6. Abração!

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