29 março 2014

DIA Z - PARTE 6

Após a morte de David, os zumbis que estavam do lado de fora vieram atraídos pelo som dos disparos e começaram a se aglomerar em frente a loja. A barricada feita na porta parecia estar desempenhando um bom papel, mas o mesmo não poderia ser dito a respeito da vitrine, que estava prestes a desabar e não suportaria por muito mais tempo toda a pressão causada pelos corpos de algo próximo a quarenta zumbis, que debruçavam-se e se batiam contra o vidro.

- Jéssica, Elias, me ajudem a amarrar essas capas e lençóis uns aos outros! Rápido!
- O que você vai fazer!? - perguntou Jéssica.
- Apenas façam oque eu disse e irão ver!
- É bom que seu plano - seja ele qual for - de certo, pois nós não temos mais tempo! - gritou Elias, já retirando os lençois e capas das peças em esposição e atirando-as no chão.

Os três começaram a amarrar os lençóis uns aos outros. A vidraça rachou e estourou, e os zumbis da linha de frente cairam de bruços para dentro da loja, atrapalhando a passagem dos de trás.

- Franco!! - gritou Jéssica.
- Eu sei! - observou as ataduras - Isso já deve servir, me acompanhem, corram!!

Chegaram até o fundo da loja.

- Lá em cima! - apontou Franco.
- A janela!? - Elias não parecia contente. - Tem certeza disso!? Não acho que vá...!
- Não dá tempo pra pensar! Jéssica, você vai na frente, eu e Elias vamos amarrar esses lençóis nessa... - olhou ao redor -... no pé desse balcão aqui, e depois jogamos ela pra você! Rápido garota, nós lhe damos cobertura!
- Esse balcão não vai aguentar nosso peso!! - gritou Elias.
- Então estaremos todos mortos!

Os zumbis avançavam. Jéssica já estava subindo, mas seu braço doia e ela estava tendo dificuldade. Franco a empurrou, ajudando-a a alcançar a janela e em seguida lhe jogou a corda improvisada.

Elias disparou sua arma algumas vezes, acertando alguns zumbis ao longe.

- Vai logo, menina!! - gritou ele.

Jéssica agarrou a corda, fechou os olhos e desceu. A janela dava pra rua, e ela acabou caindo em cima de um caminhão que havia invadido a calçada, quebrado o muro e colocado metade da boléia pra dentro do shopping. Ela gritou e levantou rápidamente, com os olhos lacrimejados de dor, por ter amortecido a queda com o braço enfaixado, e ficou ansiosa aguardando pelos outros. Vários disparos começaram a ser dados lá dentro, e segundos depois Elias apareceu na janela, agarrando-se a corda e jogando-se em cima do caminhão. Caiu com um gemido e levantou-se rapidamente.

- E o Franco!? - perguntou Jéssica, aflita. Elias não respondeu, apenas encarava fixamente a janela.

Mais três disparos foram dados, e logo em seguida Franco surgiu, mas parecia estar com dificuldade para sair - como se algo estivesse o agarrando! - Jéssica gritou ao ve-lo, angustiada ao perceber que ele estava com problemas. Ele fez força e conseguiu empurrar-se para fora, agarrando-se a corda que quase lhe escapou da mão; Franco então desceu aos poucos, e quando estava na metade do caminho o tecido desatou e ele caiu de costas, soltando um grito de dor. Elias e Jessica o ajudaram.

- Você esta bem!? - Jéssica estava bastante preocupada.
- Estou, mas derrubei minha arma lá dentro enquanto subia. Merda! - gemeu de dor e abaixou-se, colocando a mão nas costelas.
- Você se machucou!
- Apenas cai de mal jeito, vou ficar bem, não se preocupe.

Elias já estava descendo do caminhão e chamou a atenção dos dois.

- Nós precisamos ir, não é seguro ficar aqui fora!

Jéssica precisou ajudar Franco a levantar, mas ele pode prosseguir sozinho. Desceram do caminhão. Estavam na rua de trás do shopping, próximo ao estacionamento subterrâneo, e ali não era muito diferente do resto: fatalidades para todos os lados, muitos corpos e destruição. Um zumbi solitário caminhava ao longe, e havia outro prensado entre destroços de carros acidentados. Ele havia avistado Jéssica e os outros, e estava com um dos braços extendidos na direção deles.

- E quanto a delegacia? - perguntou Elias.

Franco franziu as sobrancelhas.

- A delegacia já era. Essas, ''coisas'', tomaram o lugar e transformaram o prédio em um banho de sangue. Somente alguns policiais conseguiram fugir. Eu, Russel e Rico escapamos por pouco e chegamos até um de nossos carros.
- Quem é Rico? - perguntou Jéssica.
- Henrico, era nosso companheiro que estava dirigindo o carro. Ele morreu no acidente.
- Eu sinto muito pelo seus amigos...

Franco deu um pequeno sorriso para Jéssica.

Jéssica queria dizer algo a respeito de David também, mas não sabia como. Elias parecia ser uma boa pessoa, mas o velho também era um tanto assustador.

- É dificil acreditar que a polícia da cidade tenha sido vencida por esses monstros sem inteligência. - falou Elias, depois de um breve silêncio entre eles.

Franco não pareceu incomodado em responder.

- Muitos dos policiais haviam saido para atender a chamados em diversas localidades da cidade; o prédio estava em uma verdadeira correria, os telefones não paravam de tocar, e ninguém sabia oque estava acontecendo. Foi tudo rápido demais... e-eu ainda lembro do primeiro que vi: ele estava banhado em sangue, com uma faca cravada no peito e caminhava lentamente, com o rosto pálido e os olhos perdidos em qualquer direção. Ele então começou a vir até mim, e eu não sabia oque fazer, mas... Em todos esses anos, eu nunca havia precisado disparar minha arma contra um civil...

Elias afastava-se lentamente, pensativo. Estavam todos visivelmente estressados e cansados; seria suicidio ir atrás daquela maleta agora, ainda mais sem um plano. Precisaria esperar até o outro dia, e talvez pudesse convencer Franco a ajuda-lo... Elias virou-se.

- Sinto muito pelos seus companheiros. Eu posso imaginar o inferno que você passou; ainda estamos nele, aliás. - sua voz estava mais calma. Ele olhou para cima. - Já está escurecendo...

- É verdade. Nós podemos ir até a minha casa, não é muito longe e com sorte conseguiremos chegar lá antes das ruas ficarem completamente as escuras.

Elias e Jéssica concordaram. Era a melhor alternativa que tinham no momento.



_________________



Quando chegaram, a noite já havia caído e o tempo havia fechado, anunciando uma possível chuva. A casa de Franco parecia um bom lugar para se esconder.  Era uma residência fechada, com muros altos de concreto e uma unica entrada frontal - uma porta larga de metal que possuía uma porta menor no meio dela, servindo assim tanto como porta de entrada para carros, quanto como porta de entrada para pessoas. - Não enfrentaram muita dificuldade no caminho, pois por algum motivo desconhecido, a maioria dos zumbis pareciam ter migrado daquele lado da cidade para outro; a meia duzia que viram perambulando foram facilmente distraídos e evitados; apenas um precisou ser abatido, pois estava parado em frente a casa de Franco. Elias empalou-o na nuca com um pedaço de ferro. A criatura pouco sangrou; já havia se transformando em um saco de ossos e de carne ressecada

- Graças a Deus eu nunca tiro minhas chaves do bolso - disse Franco, abrindo a porta. - Entrem.

Entraram, e por algum milagre a casa tinha energia elétrica.

- Sintam-se em casa, por favor. Vocês devem estar famintos. Garota, o banheiro é lá em cima; aposto que você deve estar louca por um banho.
- Obrigada. - Jéssica subiu as escadas. Era incrível terem conseguido sobreviver até agora e, pela primeira vez, desde que aquele caos todo começou, ela sentia-se segura de novo.

Assim que Jéssica subiu, Franco foi até a geladeira.

- Merda, eu queria ter mais opções de comida pra oferecer, mas... - retirou duas garrafas geladas de cerveja e jogou uma para Elias. - Sinta-se a vontade para beber quantas quiser, e se quiser comer alguma coisa, não espere por mim.

Elias agradeceu.

- É uma bela casa que você tem.
- Obrigado, era da minha esposa.
- Divorciado?
- Viuvo.

Elias ficou um pouco sem jeito.

- Eu sinto muito.
- Tudo bem - Franco deitou-se no sofá -, já fazem quase quatro anos. Mas foi dificil no inicio, principalmente pra minha filha...
- Você tem uma filha? - Elias abriu a garrafa de cerveja e sentou-se em uma poltrona que ficava em diagonal com o sofá.
- Sim, Lara. Ela sofreu bastante, sempre foi muito mais apegada a mãe, e quase desistiu de cursar a universidade quando ela faleceu. Mas eu não deixei, lutei por ela, sempre a apoiei, e ela acabou depositando toda a confiança que tinha na mãe, em mim. Confesso que, eu ainda não conhecia tanto o significado da palavra pai até então; e eu acho que de alguma forma, minha esposa esteve sempre presente comigo nesses quatro anos, ajudando-me com nossa filha. Graças a ela, graças a nós, e principalmente graças a Deus, a minha garota esta bem longe daqui agora. Esta cursando enfermagem em Chicago.
- Você é um bom homem Franco, sua filha com certeza deve se orgulhar muito de você. - tomou um gole de cerveja. - Minha esposa também faleceu, mas fazem muitos anos já, eu era mais novo que você.
- Eu sinto muito.
- É, ela tinha câncer. Infelizmente não tivemos filhos, e desde a morte dela eu nunca mais tive interesse. Mas, seis anos atrás, quando o meu irmão veio a falecer, eu acabei ganhando um filho, o David... e...

Franco silenciou e tomou mais um gole de sua cerveja. Elias continuou:

... mas não falemos mais disso. - encerrou o assunto. - O que é que você tem pra comer naquela geladeira, mesmo?

16 março 2014

DIA Z - PARTE 5

Pouco mais de uma hora passara-se desde a conversa que tiveram. Os quatro continuavam reunidos no mesmo lugar - uma grande loja de ferramentas, estofados e materiais de construção em geral. As luzes estavam acesas, mas eles estavam escondidos, fora da vista de qualquer zumbi que pudesse ve-los, apesar de haverem dois deles tentando entrar - inutilmente - pela pesada barreira que fizeram para segurar a porta que havia sido arrombada por Franco. Tentavam não falar muito alto agora, pois podia-se ouvir bastante movimentação ao redor da loja, e uma breve espiada na vitrine mostrava que havia um grande grupo de zumbis perambulando nos arredores. Criaturas sem alma, movendo-se cegamente ou por algum tipo de instinto, como se fossem animais, porém, sem nenhum traço de inteligência aparente - ''para nossa sorte'' - pensava Franco, que estava abaixado observando-os. Mas a sorte não era assim tão grande não, pois eles estavam presos ali dentro, cercados, não havia saida por trás da loja e aqueles tiros todos dados mais cedo parecem ter atraido um enorme grupo daquelas coisas.


___________



Jéssica tinha apagado de novo, o corpo dela parecia estar reagindo positivamente ao virus agora; não sentia mais tontura e as náuseas também deram uma trégua. Sua cabeça ainda latejava um pouco por conta da batida, e seu braço ainda doia bastante, mas tirando isso ela estava bem. Jéssica havia virado-se de lado no sofá e chorado um pouco até pegar no sono. Franco ouviu-a chorando e começou a pensar em sua filha, agradecendo a Deus por sua menina estar longe dessa cidade. Ele ficou próximo de Jéssica alguns minutos, mas nada falou; quando percebeu que ela havia dormido, levantou-se e foi fazer guarda próximo a entrada da loja, onde permaneceu.

Elias estava sentado em silêncio, descarregando e carregando novamente o revolver calibre 38 que segurava em sua mão esquerda. O revolver havia pertencido ao seu irmão - pai de David - e ele o pegou assim que percebeu que algo nas ruas não estava certo. A primeira bala disparada foi contra a cabeça de um homem vestindo terno e gravata. Saira engatinhando de um Citroen branco acidentado, com certeza era um sujeito de grana; mas a grana já não lhe valia de mais nada, pois metade da sua garganta havia sido arrancada e ele engatinhava com os olhos mortos e arregalados em direção a Elias, que ainda pediu duas vezes para que o sujeito se afastasse, mas não houve um terceiro aviso. A bala entrou pelo olho esquerdo e saiu pela têmpora direita.

Somente David não estava entre eles. Depois daquela discussão que tivera mais cedo com o tío, disse que iria ao banheiro, que precisava ficar sozinho, e desapareceu ao fundo da loja.



Deitada no sofá, Jéssica começou a ficar inquieta. Estava tendo um pesadelo com Lucas. Ele estava em uma sala cheia de espelhos e segurava um revolver em sua mão. Lucas estava pálido, com olheiras profundas, e suor escorria-lhe sem parar do rosto, misturando-se as lágrimas. Com a mão trêmula, colocou o revolver na boca, fechou os olhos com força e disparou. Os espelhos mostraram a cena de todos os ângulos possíveis, e um deles ficou espirrado de sangue. Assim que o tiro foi dado, Jéssica acordou com um pulo, levantando-se imediatamente do sofá ao perceber que não havia sido apenas um sonho, um tiro havia de fato sido disparado! Franco apareceu as pressas, segurando a arma em punho. Elias estava imóvel obsevando o fundo da loja a procura da ameaça, quando de repente notou a ausência de David e saiu correndo gritando o nome do sobrinho.

- Jéssica, fique aqui e se esconda, eu vou ver oque esta acontecendo lá atras!

Outro tiro foi disparado, seguido de um grito. Jéssica acenou com a cabeça e Franco correu para acompanhar Elias. Assim que ele saiu, ela abaixou-se e pegou sua mochila. Seus três revolveres ainda estavam ali dentro, mas só um deles possuia munição. Olhou o clipe, haviam oito balas restantes, engatilhou-a e ficou abaixada atrás do sofá, esperando.

- David!! David!! - Elias chamava, mas não havia resposta.

- Encontrou-o!? - gritou Franco, aproximando-se.
- Não, ele não responde! David!!

Havia uma porta a direita, com a escrita ''sanitários'' acima dela. Um gemido de dor veio lá de dentro.

- David!... - Elias saiu correndo.
- Elias, espera! - Franco tentou impedi-lo, mas o velho já estava entrando. - Droga... - ele ergueu a arma e foi atrás.

A luz lá dentro estava acesa e os gemidos de dor estavam mais intensos, mais próximos. Franco entrou com a arma apontada, mas abaixou-a em seguida.

- Essa não... - Foi tudo oque disse ao ver Elias chorando, ajoelhado ao lado de David; este por sua vez, sofria muito e mal conseguia falar. Ao lado dele, caido em uma poça de sangue escuro, estava Russel, com olhos brancos arregalados e sem vida em direção ao teto, e em sua boca estava pendurado um pedaço suculento de carne fresca, que poderia ser o pedaço do pescoço de David que estava faltando.

- David, David meu filho, você vai ficar bem... - Elias chorava e tentava cobrir o ferimento do pescoço de David com as mãos, mas era inútil, pois no ritmo em que estava perdendo sangue, morreria em minutos.
- Tio, me des-culpa... - David falava com dificuldade, parecendo se engasgar com o próprio sangue. - O desgraçado, a-apareceu do nada... tio...

Franco olhava fixo em direção a Russel. Como fora possível ele ter virado uma daquelas coisas? Ele não havia sido mordido. Depois que morreu, Franco e Elias o carregaram até o fundo da loja e o cobriram com um tapete. Em momento algum alguém imaginou que isso iria acontecer... a não ser que... estariam todos eles já infectados!?

- Calma filho, não fala nada, e-eu vou buscar um curativo, alguma coisa pra estancar isso! - Elias tentou levantar, mas David o segurou pelo braço. Elias encarou os olhos sem esperança do sobrinho, e entrou em um choro desesperado ao dar-se conta de que nada poderia ser feito para salva-lo.
- Tio... - David segurava alguma coisa em sua mão, uma foto; ele entregou-a a Elias. Na foto estava David, seu tio Elias, sua mãe Lia, e seu filho Daniel. - nome dado em homenagem ao falecido pai, também chamado Daniel, que morrera poucas semanas antes do neto nascer.

Elias segurou a foto com firmeza, incapaz de pronunciar uma palavra sequer.

- Meu f-filho... - começou David, seus lábios trêmulos e arroxados. - ...salva meu filho, tio Elias... eu, fui um bom pai, não fui? Posso, n-não ter sido no inicio, mas... mas eu...
- Você sempre foi otimo, David. Não se preocupa meu filho, não se preocupa, eu vou fazer o possível pra ajudar o Dani, eu vou fazer oque for possível, eu prometo... David? Esta me ouvindo, David? Davi...? Não...

Elias o chacoalhava, mas David não respondeu mais, estava morto. Franco aproximou-se e encostou no ombro do velho, que apenas chorava abraçando-se ao corpo caido do sobrinho. Uma grande poça de sangue já havia se formado abaixo dos dois.

Barulhos de passos rápidos começaram a ecoar, Jéssica apareceu correndo pelo corredor dos sanitários, parecia assustada.

- Pessoal, rápi...! - interrompeu-se, chocada ao ver a cena, e olhou com tristeza para David e Elias, mas voltou a falar um segundo depois. - A gente precisa sair daqui, os zumbis estão forçando a porta e a vitrine, eles vieram todos em direção a loja!
- Droga, o som dos tiros deve ter agitado eles... Nós precisamos encontrar um meio de sair daqui, ligeiro! - Franco ia retirando-se, mas deu uma ultima olhada em Elias. - Você vem, não vem?

O velho guardou a foto no bolso da calça, empunhou o revolver e levantou. Ele havia feito uma promessa ao seu irmão, prometeu que cuidaria de David, mas falhou. Agora havia feito uma promessa a David, e cumpriria ela de qualquer maneira.

10 março 2014

DIA Z - PARTE 4

Jéssica acordou apavorada e debatendo-se, como se ainda estivesse lutando para se livrar dos zumbis que a derrubaram.

- Hey, hey, esta tudo bem agora, acalme-se! - disse um homem que estava sentado ao lado dela. Era um policial e aparentava ter algo em torno de quarenta e poucos anos.
- Onde eu estou? Quem é você? - ela estava muito agitada, enjoada, e não conseguia pensar direito. Seria efeito do vÍrus? Ela tentou levantar-se, mas não conseguiu, seu braço esquerdo doía muito e estava enfaixado.
- Você deslocou o ombro e nós tivemos que coloca-lo no lugar... e, você... você foi mordida. - disse o policial, um pouco exitante.
- O que? Não...! - ela olhou-o com medo.
- Esta tudo bem, nós não vamos fazer nada, fique tranquila.

Mais dois homens aproximaram-se, um rapaz e um velho com expressão carrancuda, de vinte e poucos anos e cinquenta e poucos anos, respectivamente. O velho foi o primeiro a falar:

- Nós não deveríamos arriscar, deveríamos mata-la...

O policial o interrompeu.

- Ninguém irá fazer nada, ela já foi mordida a mais de cinco horas e ainda não virou uma daquelas coisas.
- Eu concordo com ele. - disse o rapaz.
- Você concorda? Vocês dois estão malucos!
- Eu já vi acontecer - interviu o policial -, já vi acontecer mais de uma vez, e em todas as vezes, a pessoa infectada desmaiou, teve febre, convulsão, e transformou-se em menos de uma hora. Como eu disse, já se passaram mais de cinco horas e ela ainda esta bem.
- Eu ainda acho arriscado deixar ela viva... você poderia pelo menos algema-la. Nada pessoal menina.

Jéssica não lhe deu ouvidos, estava mais assustada com o fato de ter sido mordida e com o tempo que passara desmaiada.

- Cinco horas!? Eu apaguei todo esse tem... !? ''...!!!...'' - ela tapou a boca, virou-se de lado e vomitou aquela mesma gosma amarela e sangrenta que havia vomitado na farmácia.

O policial aproximou-se e colocou a mão em sua testa.

- Você esta vomitando sangue, nunca vi nada igual; mas você não esta febril. Você sente alguma coisa?
- Só tontura, enjoo, e uma dor no braço.
- É, a queda foi bem feia, você tem muita muita sorte de estar viva, seu anjo é bem forte. E aquele zumbi também te pegou de jeito ai. - disse o policial.
- É verdade, eu me lembro agora... - ela passou a mão na cabeça e percebeu que havia um curativo em sua testa. - Agradeço-lhes pela ajuda. - disse, erguendo-se e sentando.
- Tudo bem, nós lhe deviamos. - antecipou-se o rapaz, aproximando-se um pouco mais. - Eu me chamo David e esse velho rabugento aqui é o meu tio Elias; não se preocupe com ele, ele é assim mesmo.
- Você pode me chamar de Franco. - disse o policial.

Jéssica apresentou-se também, já se sentia um pouco melhor. A dor ''interna'' e a queimação que antes sentia em todo corpo estava passando, mas os ferimentos da testa e do braço ainda doiam, o do braço principalmente.

- E onde esta o outro policial? Aquele estava ferido... Ele esta bem?

Franco mudou sua expressão e ficou sério.

- Ele não resistiu. Nós o deitamos e estancamos o sangramento o máximo possível, mas a bala entrou e saiu por trás da coxa; ele perdeu sangue demais, desmaiou e acabou morrendo.
- Eu sinto muito. Ele era seu amigo?
- Ele era meu parceiro, e sim era meu amigo. Chamava-se Russel.
- Você não nos falou quem atirou nele. Como foi que aconteceu? - perguntou o rapaz, David.
- Foi muito rápido. Naquela confusão toda, nosso carro se acidentou, um companheiro nosso acabou morrendo no acidente, e quando conseguimos sair, demos de cara com dois sujeitos suspeitos que começaram a nos alvejar. Eles usavam uma máscara de gás e carregavam uma maleta consigo. Nós trocamos tiros, Russel acabou matando um deles, mas foi atingido na coxa pelo outro que fugiu e entrou em uma loja, acho que era uma farmácia, ou coisa assim, não consegui ver direito.

Jéssica inclinou-se para frente, segurando a beirada do sofá, como se fosse levantar.

- Você disse que ele entrou em uma farmácia!? E esses homens, como eles eram exatamente!? Você não chegou a ver oque tinha na maleta!?

Franco olhou-a um pouco surpreso ao notar o interesse.

- E-eles estavam vestidos com roupa especial e usavam máscaras de gás que cobriam-lhes o rosto todo. Eu não sei oque tinha na maleta, mas o outro cara quase morreu tentando pega-la de volta, então o conteúdo deve ser importante...
- Talvez seja dinheiro. - disse Elias.
- De volta!? Eles a perderam!? - Jéssica duvidava que fosse dinheiro.
- Eles a derrubaram no caminho. O sujeito que a carregava é o sujeito que Russel matou.

Jéssica ficou em silêncio por alguns instantes e então tornou a falar.

- Eu irei lhes contar uma coisa, por favor escutem com atenção...


___________



Quando terminou, os homens estavam com expressões chocadas - até mesmo o velho Elias que havia se afastado um pouco, mudara sua expressão séria e carrancuda e agora olhava-a com olhos incrédulos.

- Você tem certeza que não bateu a cabeça muito forte, garota? - disse Elias.

Jéssica apenas olhou-o.

- É a verdade. Existem vacinas contra esse virus, eu sou a prova disso. Não acham estranho que eu não tenha virado um deles, mesmo após ter sido mordida?

Os homens concordaram.

- E você acredita que algumas dessas vacinas possam estar dentro daquela maleta? - perguntou Franco.
- Não só na maleta como em outros laboratórios camuflados. Esse cara louco, William, ele passou-se por um cientista vítima, e usou a mim e ao meu amigo para ajuda-lo a chegar até uma farmácia aparentemente comum, mas que servia apenas de fachada - havia esse elevador escondido que nos levou até o laboratório. Fomos ingênuos e Lucas acabou morrendo... acreditem em mim... - ela lembrou-se do rosto de Lucas e parou de falar.
- Eu sinto muito pelo seu amigo. - disse Franco, percebendo no olhar dela o quanto ele era importante. - Eu acredito em você. É claro que isso tudo que você disse parece loucura, mas não tanto quanto a loucura que esta se passando lá fora. Aquelas coisas caminhando lá nas ruas é que são a verdadeira insanidade.

David fez um gesto com a cabeça, em concordância com oque Franco havia dito.

- Concordo, e querem saber de uma coisa? Eu acho que nós deveriamos pegar aquela maleta. Nós precisamos pega-la.
- Negativo - interveio Franco -, é arriscado demais. Aquela rua esta cheia desses monstros, por isso mesmo que aquele sujeito fugiu sem conseguir pega-la.
- Mas pense um pouco, nós...!
- Esqueça filho! - Elias levantou-se - Eu não vou deixar você ir até lá, eu prometi ao seu pai que...
- Isso já faz mais de seis anos tio, eu não sou mais um garoto! - David o interrompeu. - E não me chame de filho!
- Por que se arriscar? Por que isso é tão importante pra você? - perguntou Franco.

David silenciou, perdeu as palavras. Elias respondeu por ele.

- Meu sobrinho neto se transformou numa dessas coisas, e David acha que pode cura-lo.
- Eu sei que posso cura-lo, olhe pra ela! - apontou na direção de Jéssica. - Ela estava infectada, e agora foi mordida de novo e não se transformou!
- A diferença é que ela estava viva quando aconteceu! Ela não havia se transformado em um desses monstros ambulantes! Você esta cego, você precisa entender, meu Deus do céu, David!...
- Você pelo jeito não se importa mesmo!
- Ele também é meu neto! Meu sobrinho neto! Não ouse dizer que eu não me importo! Eu apenas... eu...

David olhou para Franco e para Jéssica, que estavam calados. Jéssica cogitou falar alguma coisa, mas achou melhor não.

- Essa conversa não vai levar a nada tio Elias... se existe uma vacina antiviral, ninguém vai me impedir de ir atrás dela.

Elias não falou nada de imediato, até o momento que David deu as costas e começou a se afastar em passos largos.

- Se é assim, então eu vou com você.

David apenas parou por um segundo, sem dizer nada, então seguiu em frente; ele sabia que no fim das contas poderia contar com o tio.

DIA Z - PARTE 3


Ao acordar uma forte luz penetrou sua íris, fazendo sua pupila se contrair e sua cabeça doer. Jéssica imediatamente fechou os olhos, colocando a mão a frente do rosto. Sua mente estava confusa e seus olhos doiam com aquela claridade toda; era como se nunca os tivesse usado. Tornou a abri-los, desta vez devagar, tentando filtrar a luz por entre os dedos da mão.

 - Onde eu estou? 

Ela sentia-se tonta, as coisas pareciam girar e dançar a sua volta. Apoiando-se na parede, ela primeiramente ficou de joelhos, então foi levantando aos poucos, a medida que as coisas ao redor começavam a ficar paradas e menos confusas. Assim que conseguiu observar com clareza o lugar, Jéssica foi tomada por pavor, sua respiração acelerou e ela cambaleou para trás, quase caindo ao esbarrar em uma mesinha. Haviam três corpos a sua frente, sendo um deles o de William. Seus oculos estavam quebrados e sangue escorria de sua boca, juntando-se a enorme poça vermelha formada abaixo de sua cabeça. 

''Meu Deus, Lucas!''

Assim que lembrou-se, começou a procurar e chamar o amigo, mas ele não estava em lugar algum. Jéssica olhou para todos os lados e então deu-se conta de que seus dedos estavam fechados sobre alguma coisa. Assustou-se ao ver que segurava uma pistola, deixando-a cair no chão; então se abaixou e a pegou novamente. 

- Lucas! - chamou de novo, mas a unica resposta que recebia era do suave som das máquinas de refrigeração espalhadas pela sala.

O ar ali dentro havia ficado mais frio. Jéssica encolheu os braços; havia uma folha e uma caneta no chão, próxima de onde ela estava, parecia um bilhete. Ela foi até la e abaixou-se para pega-la... aquela era a letra de Lucas...

Quando terminou de ler aquelas palavras, tudo que conseguia fazer era chorar. Sentia tristeza e ódio, medo e ansiedade, tudo ao mesmo tempo. Ainda tremendo, Jéssica levantou-se e caminhou até a porta de saída. Abriu-a o mais devagar possível, quase exitando; estava com medo do que encontraria. Queria que nada disso fosse real; queria abrir os olhos e acordar desse pesadelo e abraçar Lucas com toda a força... queria... mas, ao atravessar a porta, tudo ficou ainda pior, e o pesadelo era de fato real. Saira direto naquele enorme corredor metálico cheio de corpos, e logo adiante estava Lucas, sentado de costas contra a parede. Ela gritou e colocou a mão sobre a boca quando o viu. Havia sangue e pedaços - sobre os quais ela não quis pensar a respeito - espirrados na parede atrás dele. Sua cabeça estava caída com a face voltada para o chão, os negros cabelos caindo-lhe sobre o rosto. Seus braços sem vida pendiam abertamente, e em sua mão esquerda repousava o revolver usado. Jéssica não conseguiu olhar, então voltou e fechou a porta atrás de sí.

- Meu Deus, Lucas... - disse ela, chorando, encostada contra a porta. Aquilo não podia estar acontecendo. Ao seu lado, mais ao fundo, havia uma espécie de cortina branca, ela caminhou até lá e a puxou. Antes de sair, ainda vasculhou todos os freezers em busca de outra daquelas malditas seringas, mas realmente não haviam mais. Lucas sacrificou-se por ela; ele estava sempre a protegendo; ele estava sempre com ela; ele a amava e nunca disse sequer uma palavra sobre isso. Novamente no corredor, ela se aproximou do amigo, deitou-o, e o cobriu com aquela cortina branca. A pele de seu rosto estava bem pálida, indicando que ele se encontrava morto a algumas horas. Jéssica segurou a mão de Lucas e acariciou os cabelos do amigo, tirando-os do rosto e ajeitando- os para trás. Seus olhos encheram-se de lágrimas novamente e, após um breve momento em silêncio, ela finalmente disse: 

- Eu queria que você pudesse ouvir isto... eu também te amo, muito mais do que você possa ter imaginado, e... meu Deus, sinto tanto que isto tenha acontecido... eu, eu queria poder voltar no tempo... - disse estas palavras, a medida que aproximava seus lábios dos lábios dele, e então beijou-o suavemente, deixando algumas lágrimas pingarem sobre sua face. - ... eu queria poder voltar no tempo para poder beijar os seus lábios quentes, vivos... fique em paz meu amigo, meu amor... - olhou-o uma ultima vez e em seguida cobriu-lhe o rosto, sem dizer mais nada.

Aquele lugar já começava a cheirar muito mal. Somente agora ela sentiu o cheiro putrefato de morte que vinha daqueles cadáveres caidos ao longo do corredor. Jéssica retirou o pente da arma para checar as balas e a engatilhou novamente(havia aprendido algumas coisas com o pai que era tenente da marinha). Pegou o revolver 38 de Lucas e guardou dentro da bolsa que havia encontrado perto do corpo de William. Já era hora de sair daquele lugar. Entrou no elevador e apertou o botão que levava ao térreo. Enquanto a porta fechava, não tirou os olhos um segundo sequer do corpo de Lucas. Era a ultima vez que ela o veria. Enquanto o elevador ia subindo, Jéssica sentiu-se tonta novamente e com náuseas; sua visão ficou nebulosa e ela vomitou um líquido amarelo e sangrento. A porta do elevador abriu e ela saiu cambaleando para dentro da farmácia, até encontrar algo em que pudesse se apoiar. Lá fora a noite já dava seus ultimos suspiros e um céu negro azulado começava a formar-se entre nuvens. Ela parou um instante e respirou fundo, não podia desistir, precisava continuar viva, por Lucas. Sentiu-se capaz de prosseguir, então saiu.

As ruas estavam vazias, com fatalidades, e com carros acidentados e abandonados em toda parte, e havia algo mais além do vento zunindo; gemidos distantes pareciam emergir de dentro de prédios, e também por entre os mesmos. A mais ou menos três quadras de distância, um pequeno grupo de quatro zumbis apareceu caminhando sem direção, encontraram alguns corpos e cairam sobre os mesmos. Jéssica aproveitou para passar despercebida, mas tão logo dobrou a esquina, seu coração quase pulou pela boca. Aquela rua estava infestada de zumbis que agitaram-se assim que a perceberam. Ela deu meia volta e correu, os zumbis atrás dela pareciam incansáveis e famintos. O quarteto anterior também levantou-se ao perceberem Jéssica e começaram a persegui-la. Ela corria com todas suas forças, mas não era o suficiente - ainda sentia os efeitos do virus que a algumas horas atrás estava a matando. Adiante, mais zumbis surgiram e ela agora via-se cercada. Suor escorria-lhe a testa e ela não conseguia pensar em nada - tirando o fato de que seria devorada -, mas encontrou uma possível saída, disparou contra a cabeça de um zumbi já muito próximo e correu. Jéssica subiu em cima de uma caminhonete, pulou por cima de outro carro e chegou até uma rua segura, seus olhos procurando desesperadamente por um abrigo; avistou um shopping e foi até ele, rezando para que la dentro fosse mais seguro que lá fora.

O que um dia havia sido um shopping center, agora era um cenário de guerra. Haviam muitos corpos mutilados pelo chão, que variavam entre zumbis e pessoas que não tiveram sorte. Jéssica viu um policial morto e foi até ele procurar por sua arma. O braço do policial estava comido próximo ao ombro e dava para ver o osso branco sangrento entre a carne mastigada; e na ponta desse braço, estava uma mão pálida que não possuia mais forças para segurar a arma que descansava em sua palma. Jéssica pegou a pistola e percebeu que estava descarregada, mas decidiu leva-la consigo mesmo assim. 

As escadas rolantes estavam paradas, ela foi até lá e subiu por degraus e corrimões manchados de sangue, precisando passar por cima do corpo de uma senhora que estava caida com ferimentos de bala no peito e com um buraco - provavelmente também causado por um tiro - no lugar de onde um dia havia estado um olho. Lá em cima haviam mais corpos, um deles com a cabeça semi separada do corpo, o corte todo irregular indicava que havia sido mastigado. A maioria das vidraças estavam quebradas, e mesas e cadeiras estavam postas contra as portas. O corpo de uma mulher estava debruçado sobre a vidraça quebrada de uma relojoaria, empalado na altura do abdomen por um grosso pedaço de vidro. O cheiro ali parecia ainda pior do que la em baixo, mas ela continuou; se quisesse sobreviver, precisaria encontrar ajuda e suprimentos. 

Aquele era um dos maiores shoppings da cidade e ela o conhecia bem, pois já esteve ali muitas vezes. O centro de alimentação mais próximo ficava logo mais adiante. Chegando lá, Jéssica ouviu barulhos, abaixou-se e tentou identificar de onde vinham. Alguns zumbis perambulavam e esbarravam entre as mesas e cadeiras mais ao fundo. Jéssica pegou um copo grande que encontrou caido e o jogou com força contra a parede do outro lado. O som de vidro estilhaçado foi alto o suficiente e os zumbis começaram a movimentar-se naquela direção. Ainda abaixada, chegou até uma vitrine de comidas, fez a volta e colocou alimentos e garrafas de água dentro da bolsa. Aquela bolsa, aliás, estava ficando muito pesada e desconfortável, ela precisava encontrar algo maior e que não a cansasse tanto. Levantou-se com cuidado; os zumbis mantinham-se agitados ao fundo, então se apressou antes que pudesse ser vista, retornando ao corredor. Aquela bolsa estava realmente incomodando e seu ombro doía; ela precisava parar um pouco para descansar e tomar água. Estava com muita sede, e enquanto bebia, acabou avistando uma loja bazar, destas que vendem materiais escolares. Lá dentro, pegou a maior mochila que encontrou, passou tudo pra dentro dela e colocou-a nas costas. 

O centro de alimentação seguinte estava completamente bagunçado, mas estava vazio. Jéssica ja estava indo a procura de mais alimentos, quando ouviu gritos e tiros. Ela correu abaixada até a sacada e observou atônita uma cena angustiante: lá em baixo, dois policias tentavam fugir de um grupo de zumbis e um deles parecia ferido e estava sendo arrastado pelo companheiro, deixando um grande rastro de sangue a medida que prosseguiam. O policial que estava em pé passou sua arma pro companheiro ferido e ele começou a atirar, enquanto o outro tentava encontrar um lugar onde pudessem se abrigar. As portas estavam todas fechadas e bloqueadas. Quatro zumbis terminaram abatidos, mas haviam mais deles se aproximando. De repente a arma do policial parou de disparar e ele gritou pedindo munição. Eles não iriam conseguir, Jéssica precisava fazer algo. Ela mirou e disparou, mas não era uma boa atiradora. Um de seus disparos atingiu a perna de um dos zumbis e o derrubou; o zumbi caido começou a se arrastar. Mais tiros, porém, nenhum acerto. O policial conseguiu arrombar a porta de uma loja e voltou pelo companheiro, pegou a arma, carregou-a e disparou nos mais próximos.  Quando a situação parecia mais controlada, outro zumbi surgiu as suas costas, saindo pela porta a qual ele havia recém arrombado. Jéssica gritou, alertando-o antes que fosse muito tarde. O policial abateu o zumbi e voltou a puxar o companheiro. As coisas pioraram e, de uma hora para outra eles começaram a ver-se cercados e sem opções; foi quando mais dois homens apareceram para ajuda-los. Eles vieram gritando e disparando, fazendo os zumbis se espalharem, e serem mais facilmente abatidos, dando tempo para que os policiais se abrigassem. Jéssica disparou sua arma mais algumas vezes e conseguiu derrubar mais um. Com o perigo eliminado, o ambiente havia ficado silencioso - com exceção do zunido que havia penetrado os ouvidos de Jéssica, e de sua respiração ofegante. La em baixo parecia tudo bem, os homens aproximaram-se dos policiais e foram cumprimentados. Em seguida se viraram na direção da sacada do centro de alimentação. O policial agradeceu Jéssica e eles ficaram em silêncio por alguns segundos, quando um dos homens gritou apontando para cima. Dois zumbis se aproximavam pelas costas de Jéssica e quando ela virou já estavam praticamente em cima. Não deu tempo de fugir, eles a seguraram e com um passo em falso, Jéssica acabou caindo da sacada, levando os zumbis consigo. Todos aproximaram-se imediatamente para ajuda-la, mataram os zumbis e a puxaram inconsciente de baixo deles.